NÃO CONSIGO ESCREVER
Não consigo escrever. Exatamente isso. Nada. Uma palavra se quer. Queria escrever um romance. Não consigo. Tentei escrever um poema. Não saiu uma palavra. Comecei a teclar umas letras na tentativa de escrever um conto. Consegui? Nãoooooooooooooo!
Pensei em tantos autores que, no passado, escreviam no pensamento e depois transferiam suas palavras para o papel tão perfeitamente como se tudo tivesse sido gravado. As palavras estão em minha mente. Na mente permanecem. Não consigo colocar uma palavra no papel. A primeira vez que, li William Shakespeare “Sonho de uma noite de verão”, resolvi pesquisar mais sobre ele. Shakespeare era um eterno apaixonado. Tudo o que sentia transferia para os seus textos, suas peças de teatro. Apaixonava-se e desapaixonava-se com a mesma facilidade. Quando não tinha uma musa, ele simplesmente travava. Um autor brasileiro, ultrarromântico, Álvares de Azevedo, era um sofredor. Quanto mais era rejeitado, humilhado pela mulher amada, mais ele produzia. Gostava de sofrer por amor. O que dizer de Fernando Pessoa? Euclides da Cunha? Fernando era maravilhoso. Tinha lá, do seu jeito vulgar, de falar de amor e de morte, guerra e paz. Fernando foi e é o poeta mais vivo, conservador, moderno, democrático, puritano, hipócrita e ao mesmo tempo tão perfeito, que eu já li. Euclides? Esse sim escreveu o que viveu, sentiu, viu... Mas eu realmente sou abusada, como diria uma professora que tive o privilégio de tê-la como mediadora do conhecimento literário e estilístico quando ainda era estudante na universidade. Essa professora dizia que eu não era Fernando, nunca seria. Claro que não. Fernando é único. Eu sou única. Mas o meu abuso é porque eu coloco como exemplo a vida do escritor. Minha vida não é nadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, se comparada com o menor deles. Assim como esses autores, eu também preciso de um incentivo para escrever. As palavras somem. Evaporam. Gostaria de presenciar fatos históricos assim como Euclides da Cunha. Apaixonar-me como Shakespeare. Ser esplêndido como Fernando Pessoa.... mas, eu sou eu. Eles foram eles. Cada um no seu tempo. No meu tempo... não consigo escrever. Desculpem-me, estou sem inspiração. As palavras desapareceram. Não consigo convidá-las para dançar, para brincar, para viver.
Fátima da Silva
Enviado por Fátima da Silva em 04/12/2016
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